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Foto do escritorJaime Ricardo Vahldick

Menos controle, mais comunicação. Mais comunicação, menos conflitos.

Com a união dos conceitos de Liderança e Comunicação Não Violenta, alguns líderes me fazem algumas perguntas e duas das principais são:


1 - Como a Comunicação Não Violenta pode me auxiliar a ter menos controle e confiar na sabedoria da equipe?

Esta é uma pergunta ampla que posso responder dando várias dicas:


a) A Comunicação Não Violenta pode ajudar o líder a se conhecer melhor e refletir sobre o motivo de precisar controlar as atividades. O líder pode se perguntar: Por que será que desejo manter o controle? Por que o controle é importante? Que necessidades minhas atende?


b) Observar o papel de autoridade e compartilhar essa autoridade estimulando um espaço de co-criação com a equipe, não se colocando como alguém que tem todas as respostas, que sabe tudo.


c) A posição do líder normalmente é vista como soberana sobre a equipe, uma posição de poder. A Comunicação Não Violenta nos convida de, ao invés de utilizar o “poder sobre os outros”, utilizar o “poder com os outros”. O líder pode compartilhar responsabilidades, confiando que a equipe é capaz.


d) Essa confiança na sabedoria da equipe pode nos apoiar no autocuidado como líderes, porque, ao delegar determinados processos com a equipe, isso alivia a pressão no líder, trazendo leveza e descentralizando o processo.


e) O líder pode ter um “parceiro empático”, ou seja, alguém que ele realiza um acordo para lhe trazer consciência quando tem comportamentos que ele está tentando mudar, comportamentos que não quer ter mais com a equipe, neste caso, o controle.


f) Ter um apoio empático gera o sentimento de acolhimento ao líder e alivia as angústias, ajudando na organização de ideias.


g) Estar na posição do líder pode se tornar pesado quando achamos que precisamos resolver todos os problemas que surgem. Neste momento, podemos praticar a vulnerabilidade, pedindo ajuda à equipe, dividindo responsabilidades, ouvindo ideias de quem está no processo, aproveitando os talentos que estão à disposição do líder.


h) Na liderança, normalmente são criadas estruturas, regras, e isso é uma forma de poder. Neste caso, o líder pode levar em consideração a criação de um espaço para que as próprias pessoas possam cuidar de suas necessidades, descentralizando o líder da responsabilidade de cuidar das necessidades de todos, aliviando a posição de liderança.


i) Mapear as necessidades das pessoas, oficializar essas necessidades e reconhecer quais são os interesses mais comuns e latentes da equipe, podem ajudar o líder a desenvolver a autonomia das pessoas.


j) O líder pode oferecer um lugar mais flexível, estimulando a autonomia dos processos e deixar a experiência menos centralizada.


k) Quando priorizamos somente o objetivo final, abrimos mão da qualidade do processo, e o controle excessivo pode “atropelar” as pessoas em nome de um resultado esperado. O ideal é construir todo o processo focado nas necessidades e nos resultados.


l) Pode ser desafiador abrir mão do controle, porém, ao fazer isso, você passa uma mensagem para a equipe: “Eu confio em vocês”. Neste momento o líder está vulnerável, e isto ajudará a construir ainda mais a confiança da equipe no líder.


m) Existe uma relação entre o ambiente e as relações que as pessoas estabelecem. Então, muitas vezes, quando a estrutura da organização ou de um grupo de pessoas é baseada na dominação e na competição, pode ser desafiador propor atividades ou liderar baseado na CNV, porém é um desafio que vale a pena experimentar.

"Vulnerabilidade é ter coragem de agir quando não se pode controlar o resultado." (Brené Brown)

2 – Como utilizar a Comunicação Não Violenta para lidar com os conflitos?

a) Podemos aproveitar o conflito para entender as necessidades que estão emergindo.


b) Você pode utilizar uma técnica chamada “bastão da fala”, pegando qualquer objeto que possa representar um bastão e quem estiver do porte desse, fala e o líder convida os outros a se colocarem no lugar da escuta empática.


c) É importante o líder ser imparcial neste momento. Quando não for possível existir imparcialidade, que possa ser oficialmente reconhecida a parcialidade do líder.


d) Nos conflitos entra a importância de se realizar acordos de resultados ou acordos de convivência. Quando a construção dos acordos existe, levando em consideração as necessidades das pessoas, elas costumam se sentir mais pertencentes ao processo, o que diminui consideravelmente os conflitos.


e) Torna-se muito interessante o líder receber os conflitos com empatia, principalmente em situações com emoções envolvidas, ouvindo o outro e investigando que necessidade o outro está expressando através desse comportamento.


f) Pode ser desafiador lidar com os conflitos quando a situação do conflito reverbera em nossas dores emocionais. Entra aqui a importância de se reconhecer emocionalmente, ou seja, saber quais são os gatilhos que despertam em nós sentimentos desagradáveis. Reconhecendo-os você aprenderá a lidar com eles.


g) Nos momentos de conflitos também é importante ter o apoio do “parceiro empático”, para nos alertar quando ocasionalmente o líder “sai da linha”.


h) É importante para um líder se conscientizar dos próprios privilégios e o quanto está ou não consciente de certos temas que estão conectados com as desigualdades que existem na sociedade. Desigualdades geram escassez de necessidades.


i) Em conflitos, precisamos acolher qualquer tipo de tema, independente das nossas escolhas, valores e crenças. A Comunicação Não Violenta nos convida a não expressar os julgamentos, principalmente em assuntos como: racismo, homofobia e machismo, por exemplo. Não estou aqui dizendo que não podemos expressar nossa opinião, mas em momentos de conflitos, o convite é se manter neutro.


Em praticamente todas as situações citadas neste texto, o líder pode se utilizar das perguntas e da escuta para encerrar os encontros, dando a oportunidade das pessoas se colocarem para dizer:


  • Como estão saindo?

  • Qual o sentimento?

  • Quais foram as necessidades contempladas?

  • Quais incômodos ainda estão latentes?

  • O que podemos celebrar?

  • O que poderia ser diferente?

Estas perguntas também passam a mensagem que o outro é importante. Com isso o líder demonstra seu real interesse pela pessoa. Esta é uma forma de reconhecer o outro, como ser humano e como profissional.

As necessidades não atendidas fazem parte do dia a dia da liderança, e quando estamos na posição de líder, pode ser saudável reconhecer que sempre existirão necessidades não atendidas, tanto no outro como em nós mesmos.


Gosto de relembrar que não existe certo ou errado na hora de liderar, existem possibilidades, e o que eu expressei aqui são experiências vividas nos meus anos de facilitação de grupo principalmente nas organizações, onde pude exercer meu papel de líder muito baseado nos princípios da Comunicação Não Violenta.


Fez sentido para você?


Se gostou do que leu, compartilhe com o maior número de pessoas que puder e dissemine essas práticas para transformar o mundo organizacional em um lugar melhor para trabalhar.


Conto com você. Abraços. Jaime Ricardo Vahldick - apaixonado por estimular pessoas a se desenvolverem.

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