"O que almejo em minha vida é compaixão, um fluxo entre mim e os outros com base numa entrega mútua, do fundo do coração." - Marshall Rosenberg
Com esta citação do Rosenberg quero convidar vocês a refletirem.
O que você quer: ser feliz ou ter razão? Rosenberg, criador da filosofia da Comunicação Não Violenta diz que os seres humanos normalmente jogam um jogo chamado “Quem está certo?”. Quando jogamos este jogo, estamos inserindo nos nossos relacionamentos, na hora de se comunicar, as nossas crenças e valores. Quando fazemos isso, estamos defendendo uma posição de certo e errado que me força a fazer mais uma pergunta para refletir: O que é certo e errado? Existe certo e errado?
Na minha opinião, quando falamos de pontos de vistas diferentes, percepções da realidade e comportamentos, o certo e errado é muito frágil, no sentido que, a maneira como eu enxergo a realidade é muito relativa, subjetiva, contaminada pelas minhas crenças e valores.
Por exemplo, vamos imaginar a seguinte cena: você caminhando pela rua e do outro lado da rua, na calçada, caminham um pai com sua filha de mãos dadas. De repente, a filha solta a mão do pai e sai correndo. O pai corre atrás, agarra a filha e berra com ela, o que faz a menina chorar. Uma das possibilidades de avaliar o acontecido é: o pai não precisava ser tão grosso e berrar com a menina. Ou seja, julguei o comportamento do pai. Este ponto de vista está certo ou errado? Depende. Para algumas pessoas ele está certo, pois um pai precisa reagir rápido e proteger a filha e berrar nestes momentos é normal.
No ponto de vista da CNV, nós podemos olhar para o que aconteceu sem julgar o comportamento do pai e sim tentar entender o que aconteceu e qual é a real necessidade que tem por trás do comportamento do pai. Será que ele não tinha apenas a intenção de protegê-la e mantê-la em segurança? Será que ele podia agir diferente? Esse é um dos convites que Marshall Rosenberg nos propõe, olhar para as necessidades que estão por trás dos comportamentos das pessoas e não julgar o seu comportamento. Mudar o foco dos nossos erros e dos erros do outro, para a necessidade de todos.
A Comunicação Não Violenta é muito mais do que apenas um processo de entendimento, é uma filosofia de comunicação que facilita a harmonização de suas necessidades com as necessidades das outras pessoas, de uma maneira empática e autêntica, com o objetivo de gerar conexão entre as pessoas.
Será que podemos resolver problemas e amenizar conflitos através do uso adequado das palavras? Sim, podemos. Rosenberg fala que não somos violentos apenas fisicamente, e sim, com nossas palavras. O simples fato de julgarmos o outro provoca uma reação de defesa, de justificativa, de forma automática e inconsciente, pois talvez o que me foi falado não condiz com as minha crenças e valores.
A maioria dos nossos comportamentos têm o objetivo de atender as nossas necessidades ou fazer com que elas sejam atendidas por outras pessoas. Se as nossas necessidades não são atendidas, encontraremos maneiras de atendê-las, e muitas vezes temos comportamentos inconscientes para que as mesmas sejam atendidas.
A intenção da Comunicação Não Violenta é olhar com mais consciência para a forma como nos comunicamos e recriar uma nova maneira de pensar, sentir e agir, com a intenção de se conectar com o outro para que as necessidades possam ser atendidas sem violência.
Quando decidimos escolher a CNV como forma de se relacionar e de se comunicar, assumimos toda a responsabilidade sobre nossos sentimentos e ações e aceitamos nossas necessidades, desejos, expectativas e pensamentos sem julgamento, apenas tratando-os de forma consciente e sem violência.
Sou apaixonado por CNV, então fique atento às publicações por aqui que provavelmente postarei mais sobre este assunto apaixonante. Abraços.